sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A Morte

Uma das nossas heranças, é, sem dúvida, a morte. Todos a temem, mas ninguém a pode evitar. Somos fiéis herdeiros dela. Estamos neste mundo por empréstimo e de passagem! Mas por incrível que pareça, ninguém se prepara para a morte. Eu só temo a morte para os mais novos. Dói-me imenso saber que os jovens morrem muitas das vezes primeiro que os seus progenitores e eu penso que isso não é justo! Pela lógica da vida, isso nunca deveria acontecer, mas por vontade d’Ele, muitas das vezes acontece!
Eu gostava de vos deixar aqui uma história fantástica acerca da morte, fantasticamente contada, por uma mulher excepcional, contadora de histórias – eu.
Era uma vez… uma pessoa velhinha que vivia sozinha numa casa também muito velhinha (imaginemos em que estado!...) e tinha apenas como único bem, uma figueira no seu quintal. Os vizinhos puseram-lhe o nome de Miséria, vamos nós adivinhar porquê?!.
Por muito incrível que pareça, Miséria nunca havia provado um figo da sua figueira, mas todos os dias recebia a visita dos «maganos da escola», que a ela subiam, comiam os seus figos e ainda por cima gozavam do seu estado «miserável».
Numa noite de inverno, sem contar, alguém lhe bate à porta. Miséria abriu-a e o «ser misterioso» perguntou-lhe se podia pernoitar ali. Miséria disse-lhe, mas… se… bom… por mim, não me importo, será que se vai sentir confortável?
O ser misterioso entrou e começou a conversar. MISÉRIA PREPARAVA-SE PARA COMER UM CALDO ADUBADO COM UM POUCO DE LINGUIÇA. Ofereceu dele ao seu visitante, e este aceitou.
Conversaram durante toda a noite e, pela manhã, o estranho ser despediu-se, agradeceu a estadia e partiu, mas antes, disse à Miséria que podia pedir um desejo, que lhe seria concedido. Miséria pensou e o que lhe ocorreu foi:
- Bom, aquilo que eu mais queria era que esses «manganos», que me roubam os figos, tivessem que me pedir autorização para descer, sempre que a ela subirem.
-Pois ser-te-á concedido esse desejo. Qualquer um que lá subir, só descerá com a tua autorização.
Passados alguns anos, novamente batem à porta. Miséria vai abrir e depara-se com o mesmo ser misterioso.
-Não querem lá ver que gostou da estadia? Disse Miséria.
-Miséria, venho buscar-te. Tens de vir comigo. Estás velha, doente, debilitada… tens mesmo de ir comigo!
- Não, senhor, isso é que não vou. Vivo aqui há muitos anos e ninguém me tira daqui!
Assim passaram a noite a discutir e a tentar convencer a Miséria que tinha de ir com a Morte.
Miséria, ao fim de muito tempo, pensou… pensou e resolveu.
- Bom eu vou consigo, mas com uma condição!
- Diz lá, Miséria, diz lá!
- Bom, eu irei consigo se primeiro comer um figo da minha figueira!
- Está descansada, Miséria. Esperas aqui um bocadinho que eu vou buscar-te o figo!
Assim foi. A Morte foi buscar o figo à Miséria e, claro está que de lá não desceu mais, porque a Miséria não o permitiu.
Nota: e assim é. A miséria continua por todos os cantos das nossas terras, e a Morte, que é esperada em tantos lares, tantas camas dos hospitais… e não há meio de aparecer ou aparece ao fim de muito sofrimento.

Passagem
Como a vida é triste,
Quando alguém vive aborrecido a fundo,
Pensando que as coisas boas deste mundo,
A qualquer momento podem terminar.
E lhes mete medo abalar,
Para a vida eterna habitar!
Porque essa, será a culminação,
Do que nesta vida é realidade:
- uma passagem pela felicidade –
Ou uma pequena vida temporal,
numa hospedaria original,
A caminho da casa do Pai
E que cedo ou tarde lá vai,
Em definitivo,
Perpetuar o que aqui foi vivido,
Multiplicando tudo
Pelo prazer de ter vivido como Seu filho.
                                                                               Konnie Sarmento

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