quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Aos Filhos

Abraçar um filho, é como uma pessoa abraçar-se a si mesmo pois, não há nada melhor que ter um filho! Um filho é ânsia de vida e a eternização de nós no tempo. E, a pessoa que perde um filho, equivale a sentir-se amputada, sobrando-lhe apenas o soluço da alma e a esperança de que regresse!
Os pais são pertença dos filhos, mas os filhos não lhes pertencem. Os pais, apenas são «fabricadores» de vidas! E, quando uma mãe gera um filho, e se crê fabricante dessa vida, apenas dá á luz um fugitivo, que é descendência de uma hierarquia, e não é mais do que simples pedaços de morte e vida á mistura!
Muitos filhos até se julgam donos do mundo e de quase tudo, esquecendo-se que são, apenas aprendizes de velhos e de mortos… do futuro!
O que mais dói neste mundo é o desprezo de alguns filhos para com os seus pais. E não são raros os casos em que isso acontece! Quando chega a idade de ouro dos seus pais, «levam-nos para o monte, entregam-lhes a manta e livram-se deles», que é como quem diz: são estorvos nas suas vidas e metem-se nos caixotes, denominados de «lares», sem nunca mais lá aparecerem ou então abandonam-nos nos hospitais, sem direito a «alta hospitalar»!
Conto aqui uma pequena história, que comecei a ouvir desde criança e que dizem ser verdadeira, lá para os lados da terra que me viu nascer:
Quando já não «era interessante», isto é, já não era produtivo e era simplesmente um estorvo, um filho levou o pai para o monte. Chegados ao destino, o filho entregou uma manta ao seu velho pai, despediu-se dele e ia regressar a casa.
O velho senhor, olhou para a manta, levantou os olhos e chama o filho. Este volta-se para trás e ouve o que o pai tem para lhe dizer. O  velho pai, pediu-lhe uma navalha. O filho «sacou-a» do bolso e entregou-lha. Este rasgou a manta ao meio e entregou uma das partes ao filho. Intrigado, o filho perguntou-lhe para que era aquela metade da manta. E o pai respondeu-lhe: -É para ti, meu filho, para quando fores velho!
Compreendendo bem a mensagem do pai, o filho pegou nele ao colo, e trouxe-o de regresso a casa…
 A esses filhos, eu só posso dizer que sinto revolta…


Revolta
Sinto revolta
Dentro de entranhas minhas
Por saber-me desprezada
E abandonada,
Sem isto merecer!

Trabalhando sem cessar, tento acalmar
A mágoa que vai na minha alma,
Como pudesse tudo isto apagar!

Lá fora, a chuva cai
E a solidão sem música,
Que invade todo o meu ser,
Torna-se cada dia mais
Num fantasma que corre e sai
Da minha vida,
Sem parar.
Mostrando a revolta
Dentro de mim contida!
                                                          Konnie Sarmento

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